Dizem que o Amor é o sentimento mais forte e
poderoso que se conhece. Quem criou este conceito, está certíssimo e
simultaneamente incompleto, pois é um sentimento que nos deixa marcas e
sequelas que perduram durante toda a nossa pequena vida e no nosso grande
quotidiano.
Estas marcas não são físicas mas sim psicologia, são
as que mais doem e porém também se sentem tal como uma dor física.
Por todo eu, encontro essas marcas.
Fui inevitavelmente marcado por um fado que assombra a
minha triste alma.
Estar marcado, é estar irreversivelmente condenado a
amar alguém, é concentrar toda a nossa energia nessa pessoa, é como se ela
fosse o ar que respiramos e de repente deixamos de ser movidos pela gravidade
terrestre, passamos a estar sob o seu controlo, o seu domínio.
A razão de existir-mos deve-se exclusivamente só a ela
a partir desse momento.
Quando a vejo, tudo pára e em simultâneo tudo altera.
É como se ela criasse em mim um paradoxo, um labirinto
sem saída, um jogo sem fim. Os seus olhos provocam me adrenalina e arrepios, o
seu toque é pura magia, o seu rosto encantamento.
Quanto mais a vejo, quanto mais a sinto, quanto mais
falo com ela, mais a amo, mais a desejo.
Esse desejo que me consome freneticamente, tira toda a
vida que tenho, é como se morresse aos poucos por não a ter, e por tanto a
querer.
Estar marcado, é estar também condenado a uma sentença
cuja felicidade não faz parte. Onde percorro um circulo perfeito, onde o
desespero da imperfeição surge. Onde a necessidade de ser feliz é
submersa por um infinito mergulho de pensamentos. Onde o abismo se abre sobre
os meus pés. Onde o sol deixa de brilhar porque tudo a tua volta deixa de fazer
sentido.
Quando vires a tal pessoa, e te sentires marcado
vais sentir-te a pessoa mais feliz, mas quando acordares da breve ilusão que o
teu coração acalenta vais ser a pessoa mais triste do mundo. Isto caso
seja um amor não correspondido.
Pior que não ser correspondido, é seres alimentado de
esperanças e depois ficares na indecisão. Uma indecisão que te leva ao
desespero, ao abismo da dúvida, ao limbo.
É como amarrarem as asas a um pardal. Não pode voar. É
o mesmo comigo. Tenho o coração amarrado com uma corrente de ferro.
Estar marcado faz-me não querer desistir dela, mas ao
mesmo tempo querer seguir com a minha vida e ser feliz. Mas se a minha
felicidade está com ela como o vou conseguir ser?
Respiro.
Anseio respostas.
Solto um leve suspiro de conformação. Estar neste patamar de dor
de grau elevado, faz-me querer fugir, isolar me do mundo. Por outro
deixo-me massacrar todas as noites quando me deito e penso nela, quando me
imagino nos seus braços, quando me debruço suavemente sobre os seus doces
lábios. Deixo me adormecer com as lágrimas nos olhos. Deixo-me ficar numa
utopia. Quando o sol desperta as lágrimas percorrem me de novo o rosto
por ela ter partido, por ter sido só mais um sonho, mais um de tantos.
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