quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Marcado



Dizem que o Amor é o sentimento mais forte e poderoso  que se conhece. Quem criou este conceito, está certíssimo e simultaneamente incompleto, pois é um sentimento que nos deixa marcas e sequelas que perduram durante toda a nossa pequena vida e no nosso grande quotidiano.
Estas marcas não são físicas mas sim psicologia, são as que mais doem e porém também se sentem tal como uma dor física.
Por todo eu, encontro essas marcas.
Fui inevitavelmente marcado por um fado que assombra a minha triste alma.
Estar marcado, é estar irreversivelmente condenado a amar alguém, é concentrar toda a nossa energia nessa pessoa, é como se ela fosse o ar que respiramos e de repente deixamos de ser movidos pela gravidade terrestre, passamos a estar sob o seu controlo, o seu domínio.
A razão de existir-mos deve-se exclusivamente só a ela a partir desse momento.
Quando a vejo, tudo pára e em simultâneo tudo altera.
É como se ela criasse em mim um paradoxo, um labirinto sem saída, um jogo sem fim. Os seus olhos provocam me adrenalina e arrepios, o seu toque é pura magia, o seu rosto encantamento.
Quanto mais a vejo, quanto mais a sinto, quanto mais falo com ela, mais a amo, mais a desejo.
Esse desejo que me consome freneticamente, tira toda a vida que tenho, é como se morresse aos poucos por não a ter, e por tanto a querer.
Estar marcado, é estar também condenado a uma sentença cuja felicidade não faz parte.  Onde percorro um circulo perfeito, onde o desespero da imperfeição surge.  Onde a necessidade de ser feliz é submersa por um infinito mergulho de pensamentos. Onde o abismo se abre sobre os meus pés. Onde o sol deixa de brilhar porque tudo a tua volta deixa de fazer sentido.
Quando vires a tal pessoa, e te sentires marcado  vais sentir-te a pessoa mais feliz, mas quando acordares da breve ilusão que o teu coração acalenta vais ser a pessoa mais triste do mundo.  Isto caso seja um amor não correspondido.
Pior que não ser correspondido, é seres alimentado de esperanças e depois ficares na indecisão.  Uma indecisão que te leva ao desespero, ao abismo da dúvida, ao limbo.
É como amarrarem as asas a um pardal. Não pode voar. É o mesmo comigo. Tenho o coração amarrado com uma corrente de ferro.
Estar marcado faz-me não querer desistir dela, mas ao mesmo tempo querer seguir com a minha vida e ser feliz. Mas se a minha felicidade está com ela como o vou conseguir ser?
Respiro.
Anseio respostas.
Solto um leve suspiro de conformação.  Estar neste patamar de dor de grau elevado, faz-me querer fugir, isolar me do mundo.  Por outro deixo-me massacrar todas as noites quando me deito e penso nela, quando me imagino nos seus braços, quando me debruço suavemente sobre os seus doces lábios. Deixo me adormecer com as lágrimas nos olhos. Deixo-me ficar numa utopia.  Quando o sol desperta as lágrimas percorrem me de novo o rosto por ela ter partido, por ter sido só mais um sonho, mais um de tantos.

Sem comentários:

Enviar um comentário