Ouvi uma voz ecooar dentro do meu jazigo. Parecia conseguir ver pequenos raios de luz perfurarem o meu caixão.
Ouvi três baques secos, que ressoaram na madeira já
gasta pela corrosão do tempo. Abriram a minha sepultura.
O sol encadeiou-me fortemente. Por entre a claridade,
vi uma silhueta divina, perfeita até, que serpentiava por entre a luz.
O teu cabelo cor de fogo esvoaçava
pelo uníssono coro do vento. Eras tu. Vieras resgatar me. Vieras trazer-me
de novo para a vida. O meu corpo já imponente não cedera mais e abraçara
o teu vulto, quente e ardente.
A brisa melancólica e o ribombar dos sinos que
badalavam no cimo da Igreja, fizeram com que o momentonos envolvesse e nos
deixasse nos consumar por um beijo, longo e apaixonado.
Sentia saudades do teu perfume, do teu cabelo, do teu
corpo, de ti.
O tempo passou num delírio de segundos e a noite já
caía sobre as nossas cabeças.
Despedimo-nos com um leve beijo e eu sussurei-te ao
ouvido "Amo-te"!
Fechei os olhos, e entreguei-me de novo a Deus.
O meu corpo caiu interpidamente sobre o caixão e a minha alma partiu,
agora, feliz, só por te ver, só por te amar.
Sem comentários:
Enviar um comentário