O Sorriso. Esse gesto lindo, sublime, que nunca aprendi a fazer. A minha
naturalidade jamais tece um sorriso em horas mortas ou quando a minha
alma não está em mim; mas tu...
Os teus lábios quando se esquecem,
quando estão alheios, quase sempre se curvam gentilmente numa leve
meia-lua. Sim, é a lua quem aparece quando sorris; é a sua brancura que
trazes nos dentes, é a sua calma que trazes no jeito. Ao contrário de
mim, não aprendeste outro modo de estar que não seja o de sorrir. Tu
sorris porque és um sorriso e é sorrindo que me desarmas, me fazes
baixar a guarda. É sorrindo que me pões vulnerável aos teus castigos -
essas torturas que os teus lábios fazem aos meus. É sorrindo que me
conquistas, me tomas e as nossas línguas dançam o tango.
Não ignores o
poder do teu sorriso: quanta gente a ele já não se rendeu? Eu próprio
desmaio a face fechada quando o vejo. Quando o admiro, então, perco as
forças e só o meu olhar permanece firme, fitando esse sorriso que me
derrubou, enquanto espera, também ele, ser derrubado.
Sim, rendo-me. Esse sorriso mata-me sem querer e eu sou um átomo cheio de vida que em todos os segundos deseja a morte.
Sorri para mim.
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